quinta-feira, 7 de maio de 2020

CARTAS ATEMPORAIS - UM



Da caixa de escritos não publicados, dos anos oitenta por aí, estou recuperando muito de mim.  Cartas, bilhetes de amor, memórias preciosas. Chego a dizer que o amor é uma célula que recebemos ao nascer, somente a expandimos na nossa caminhada, e com a capacidade e a intenção de doação, podemos amar, grandemente, fortemente. Célula eterna que se aprimora sentindo.  Esse resgate chamarei de Cartas Atemporais. Segue uma delas:

Não te devo só um obrigada. Quisera te mostrar uma vida inteira de poesia, que agora transborda, se afirma, transmuta a cada instante, a cada toque, a toda contemplação. A magia e a emoção me tomam e só conseguirei demonstrá-las num abraço, onde te deixarei compartilhar meu corpo, minha alma. Nossas auras se fundirão e todos os seres que nos habitam estarão em harmonia. Renasceremos tal fênix, em muitos segundos, tantas vezes, até esquecermos as cinzas.  Serás nave/ave a voar lindo em nossa galáxia e te permitirei desnudar-me sem receios e chamar-me de tua. Poderemos ser dois e vagarmos cúmplices na apenas liberdade de sentir, aptos para enfrentar tempestades, meteoros e gigantes.  Jamais os mesmos. Jamais só lábios e mãos, para quem já se descobriu criança, estrela, cristal. E eu de nada valeria eu sei, sem a razão vital que é te ver receptivo, fértil planeta, renascido e liberto, capaz (nem que seja momentaneamente) não só de refletir, mas de ser paz. Plenos, completos, límpidos, grandes, luminosos e iluminados, desencadeamos toda a motivação para que sobrevenha a poesia célula, a que percorrerá nosso infinito, persistirá em qualquer trégua. Jamais os mesmos. Não conseguirei nunca mais te excluir do meu universo. Vem, quero te abraçar.

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