terça-feira, 12 de maio de 2020

DAS JANELAS DOS OLHOS


Os olhos que observam
o lado de fora,
o outro lado,
o que abeira,
assim como a poesia
e seus mistérios,
dizia o poeta
do mistério das coisas.
Juntar as palavras,
como olhares furtivos
que se encontram
por sorte ou acaso.
O que restará
do filtro, da lente,
senão o absorvido?
Até as feridas
hoje são reflexos,
reminiscências,
relicário farto
do enredo traçado
desde sempre.
Solta nas minhas veredas,
exploro o desenlace
das escolhas perenes.
No santuário outorgado
pela vida desintegro,
nada sou.
Há só o que vi
do outro lado.
E isso é farto.



“Quiero lhorar porque me da la gana como lhoram los ninõs del ultimo banco porque yo no soy um hombre ni um poeta ni una hoja pero si um pulso herido que sonda las cosas del  outro lado”  

Garcia Lorca

Nenhum comentário:

Postar um comentário