sábado, 30 de maio de 2020

LIBERDADE DISFARÇADA



Tento deixar-te seguir,
mas inevitável como deleite
acompanho à distância
o teu voo altaneiro fluir.
Amparo sem açoite
o teu pouso, sem ânsia.
Teu sono antevejo.
Tento deixar-te sonhar
mas coloco-me insinuante
rastreando por uma entrada
circundante contornar
o teu delírio, estonteante,
disfarçada de vestal, velada
no altar do teu desejo.
Tento deixar-te sem amarras.
Entoo canto de sereias
para que de olhos vendados
te enfeitices nas metáforas
entrelaçadas em teias
nos meus ardis enredados.
Acolha meu ensejo.
Tento deixar-te liberto
enquanto assim resiste
cativo e invisível esse amor
que despejo em ti e te oferto.
Acata o que em mim insiste
escuta na alma o clamor
do que nas noites versejo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário