sábado, 19 de setembro de 2020

ADOÇÃO DO CAOS


Enquanto proclamam

as mortes em chamas

mentiras se esparramam

esmeram-se nas tramas.

 

Comodamente acreditamos

na inexistência do lado

mais bestial,  desdenhamos

do lado infame retratado.

 

Lavamos simplórios as mãos

pelo que também causamos,

atribuindo aos supostos pagãos

o saldo das perdas e ganhos.

 

Do que foi dizimado

o que ficará na lembrança?

Diante do consumado

na destruição a mudança?

 

Enquanto evocamos a paz,

fingimos normalidade

apegados ao que compraz

negamos cumplicidade.

 

Assistimos aos  mortos vivos

escondendo, mascarando os fatos

aos que se mostram passivos

e não se manifestam aos atos.

 

Comprometida a sobrevivência

para o caos somos arrastados,

rebatemos com subserviência

pelo conformismo e dor guiados.

 

Aceitamo-nos vilmente subestimados.

Ofuscados nos armamos de ignorância

enquanto consentidamente calados

decrescemos a fatal consequência.

 

Ficam na terra todas as heranças.

Esquecem friamente e com sordidez,

do futuro, do amanhã,  das crianças,

dos filhos que nascerão na aridez.

 

Semideuses bastardos de fé desgastadas,

destruídos pela cegueira, na inconsciência.

Em tempo, não nos limitemos a mãos atadas

enquanto a  natureza morre pela ganância. 

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