sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ESSES DIAS


 

Não mais vinte e quatro horas

têm esses dias

que se arrastam opacos.

Têm o peso de anos,

torpor de lágrimas arrancadas,

um se perder nas estradas.

Têm a fome do andarilho,

a ânsia do indagador,

o oco do aborto,

a clareza do excesso.

Esses dias têm subvida,

tique-taque de relógios,

sirenes de fábricas,

embargos de crepúsculos.

Querência de amanhecer

e distante sensação

de sonho e brisa.

Não mais vinte e quatro horas

têm esses dias.

Multiplicadas horas

de sentida ausência.

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