domingo, 6 de setembro de 2020

CONSTATAÇÃO


 

Decorrente da imposta reclusão

condicionei-me a um tempo

de desmedida introspecção

e demasiado consternamento.

 

Importei às rimas um rigor

que previamente desconhecia,

consagrei-me com fulgor

a uma parte que esmaecia.

 

Somente uma tábua de salvação

na sábia premissa do universo,

nas palavras fartas em ascensão,

a busca contumaz do multiverso.

 

Sei o que me falta, no entanto,

o que me abstrai na intrincada

incógnita perdeu-se o encanto,

em mim a harmonia jaz truncada.

 

Que eu preserve a graça imersa

na esperança da aurora, da luz,

enquanto a face se mostra reversa

e impera a aflição que conduz.

 

Almejo a delicadeza do vento,

tocar livre uma orvalhada pétala,

aclarar no devir novo intento

à semente que minha alma vela.

 

Preciso do equilíbrio da leveza,

dos amigos o caloroso abraço,

recuperar a emoção toda beleza

que hoje na dor e amor entrelaço.

Acreditar na vitória do amanhã!

 

 

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