terça-feira, 1 de setembro de 2020

SIMETRIA


 

Para Caio Fernando Abreu

 

Na aparente desordem

do movimento dos corpos,

extasiado contemplo

o absoluto da noite.

E nesse absoluto imutável,

onde meu corpo se move

em constante noite,

a desordem não é, senão

a simetria perfeita

para o milagre que surge,

assim, no êxtase.

Recepciono o instante

em que o arrepio

domina os poros

e transpassa por mim,

a vida.

Sei, sou o passageiro

nesse quadro constante.

Sou o efêmero, o pó

que ao pó retorna.

Mas tão completo

quanto ao êxtase

que vinga ao movimento,

tão integrado

quanto ao movimento

que se junta à desordem,

tão pleno

quanto ao aparente

que rege o absoluto,

tão presente

quanto ao absoluto

que perfaz o eterno,

tão eterno

quanto ao instante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário