quinta-feira, 25 de junho de 2020

CANTO DA TRANSMUTAÇÃO (OU CANTO ÀS BORBOLETAS)


Componho lembranças em elegias,
que recito como quem divaga
em outras, alheias paragens.
_   Reflete beleza o espelho
e me encontro num rastro de luz _
De qual alquimia me farto?
Preenchem a mesma terra,
o ser obreiro que tritura a dor
e o que se deleita em êxtase,
a embriaguez e a sobriedade,
a agonia e a euforia,
o diabólico e o divino.
Ainda me pertence a semente
protegida do vento e do fogo,
das palavras vãs e infames.
Ainda me pertence a semente
no aguardo de água e chão.
Mas o que me segue,  eu faço sombra,
mesmo que irredutível, insistente.
Acolhe-me, morada do sol
e ostenta flores brotando
a delinear um novo rumo.
Incorpora-me ao que obrigo às margens.
Pois o que me prende e me renasce,
o que me brinda ao acaso,
o que me segue pulsante,
é somente tão plena e sentida vida

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