sábado, 6 de junho de 2020

PROFUSAS LUAS




Dizem que surgiu
no impacto de Theia
e quando na Terra colidiu
detritos formaram a teia
de pó nas facetas encravadas.

Nomes abundantes
recebeu dos povos
atribuições brilhantes
e por variados motivos
foi nas deusas personificadas.

Na cheia, Phoebe
prima pelo intelecto
irradia beleza e vive
ao lado do introspecto
dentre todas as sagradas.

Artémis, fruto do proibido
selvagem e implacável
oculta o escolhido
a quem fará intocável
ou que dores serão cessadas.

Assim como Diana de Roma
jamais ao amor se entregou
sendo a caçadora que doma
a natureza transformou
sempre com animais retratadas.

Também megera e suprema
a sábia matriarca e velha Mawu
resolve qualquer dilema
habilmente insere no vodu
os sopros de vidas engendradas.

Nela habita também Soma
do elixir dos imortais
e como Killa Mama
ainda continuam fatais
nos ciclos das mães fertilizadas.

Dizem que a lua cheia
induz amores letais
quando Selene margeia
buscando paixões vitais
de doidices sobrelevadas.

Lilith, a temida lua negra
instiga a crueza, o profano
guarda o medo, mas alegra
tem nas sombras todo insano
e nossas vergonhas recalcadas.

A lua é femina
contém o bem e o mal
do homem é anima
fada, bruxa, serpente, dual
guia inspirações exasperadas.

Além de ser generosa
do Sol a intermediadora
é do equilíbrio poderosa
e com toda luz conciliadora
mantém as marés amparadas.

Da sedução que lhe é atribuída
sim, a mais lúdica e condizente
é para a musa poeta imbuída
na poesia concebida a semente
e nas palavras escrachadas.

Há luas naquelas que se encantam
nas que encarnam a sua dicotomia
inebriam-se soltas se abrilhantam
e entregam-se loucas à magia
ousando-se deusas empoderadas.

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