segunda-feira, 29 de junho de 2020

INQUIETUDE



De algum lugar me espreita
o que virá.
De algum lugar sem tempo,
me espreita
e não sei se quero.
(Ou será assim o tempo,
determinado,
quando menos se espera ele vem,
impiedoso
e nos pega de surpresa).
Calma, não fiz back-up
da minha vida.
Ainda restam manuscritos
perdidos nas gavetas
e a desordem às vezes,
é tão necessária a mim,
como se me achasse
disposta sempre, a recomeçar
dessa mesma desordem.
Mas calma, não me pegue
assim de surpresa, o que virá.
Alguém me espera
pacientemente
na escura esquina,
e um anjo me ampara
em suas asas brancas.
Tantos papéis guardam segredos
e ninguém entenderia
envelopes lacrados.
A imagem do espelho
reflete a beleza
e a ingenuidade
de criança inquieta.
Chora,  mas não mostra as marcas,
embora insista em modelar
a matéria-prima para sua obra final.
Não estou pronta
para o que virá.
Porque faço dos instantes
a  eternidade.
E ainda preciso
desses instantes.


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