terça-feira, 2 de junho de 2020

INVASÃO



A lua escancarada
me inunda, me invade.
Escandalosamente refletida
me contorna, me preenche,
me toma,  me hipnotiza.
Cresce a explosão
de transbordantes águas.
revolvendo entranhas.
Por isso choro?
Recuso o sono
abandono os sapatos
me faço ponte
desnudo a alma
afundo os pés na terra.
No meu peito expandido
Yin Yang enlaçados
dançam e me confortam
riem soberbos
da minha dualidade.
Perdoo-me.
Enquanto me equilibro
no limiar dos dois
condenso a energia
nesse transcender
cristalino de luz
que apressa o parto.
Selena assiste e ordena:
enquanto te alimentas
da minha luminescência,
faz nascer a poesia
adormecida
e ora ao universo
por movimentos,
andanças, ciclos,
novos ápices, o milagre
das palavras precisas
derramadas em versos.
E eu obedeço.

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