sábado, 27 de junho de 2020

TÁBUA DE SALVAÇÃO



Há instantes em que esmoreço
e todo esforço se faz necessário
para que eu esqueça que conheço
o caminho da sombra, o calvário.

Há instantes em que eu me perco
pelo retorno às tristes lembranças
que me prendem como um cerco
Onde me obscurecem as mudanças.

Há instantes em que repagino
cada passo, ação, atitude, reação
E vasculho dentro o que imagino
que possa me dar socorro, a salvação.

Ausência de fórmulas, nem as assertivas,
as utilizadas, as que em algum momento
serviram confortantes e quase paliativas
e anestesiaram, anuviaram o sofrimento.

Olho a minha volta e tudo segue igual.
Absorvo a fome do mundo e a retenho.
A injustiça escancarada, consensual,
normalidade. Também me abstenho?

Há instantes de luz quando me ergo
e busco argumento contra a paresia.
Tudo macero, assimilo o que enxergo
e recorro à carta na manga, à poesia .

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